PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE LUBRIFICANTES DE MOTOS

O mercado de lubrificantes oferece diversas opções de tipos, marcas e qualidades de óleo, e é sempre presente a preocupação do piloto em relação à sua manutenção. Abaixo, algumas perguntas que fazem parte do nosso cotidiano, e nossa resposta para elas. Caso haja qualquer dúvida mais técnica sobre algum ponto, consulte os textos que publicamos anteriormente, onde cada um é explicado em detalhes.

Como escolher o melhor óleo lubrificante para minha moto?

Óleos lubrificantes têm alguns papéis a cumprir no motor da moto: lubrificar, resfriar, limpar, proteger da oxidação e preencher folgas. Apesar de terem sua teoria de funcionamento compartilhada, os motores a quatro tempos variam de moto pra moto, no que diz respeito às medidas de componentes, temperatura de funcionamento, potência, taxa e pressão de compressão, rotação de trabalho, volume do cárter, etc. Essas diferenças fazem com que existam diversos tipos de óleos lubrificantes no mercado, cada um visando atender a uma necessidade, e com resultados diferentes. O uso do óleo errado fará com que ele não consiga cumprir seus papéis com eficiência, podendo causar desde maiores consumo de combustível e aquecimento até diminuição da vida útil ou quebra do motor. A escolha do melhor óleo começa na consulta ao Manual do Proprietário, onde são informadas as especificações do lubrificante ideal, quanto à viscosidade, classificação API e tipo de base (mineral, semissintético ou sintético). Ao escolher utilizar um óleo de marca diferente do indicado pelo fabricante da moto, deve-se seguir as seguintes “regras”:

– Viscosidade: seguir à risca as indicações do manual de proprietário! A viscosidade lá indicada é a que melhor atende todos os regimes de funcionamento desse motor, e ninguém terá uma alternativa melhor pra você nesse quesito. Atenção ao fato de que muitos manuais informam diferentes viscosidades, para diferentes temperaturas ambiente, recomendando óleos mais “finos” em temperaturas ambiente mais baixas, e mais “grossos” em temperaturas mais altas. Essas recomendações também devem ser seguidas à risca.

– Classificação API: indica a adequação do óleo à modernidade do motor. Conforme os motores evoluem, suas folgas mudam, o material dos componentes muda, temperatura de funcionamento, formulação do combustível, exigência quanto à emissão de poluentes, etc. Isso faz com que o óleo lubrificante precise acompanhar essas evoluções e mudanças. No manual do proprietário estará a classificação API mínima necessária para esse motor. Não se deve usar óleos com classificação menor/anterior à indicada no manual. Sempre utilizar a classificação indicada ou mais moderna.

– Formulação da base: Lembrando que existem três: mineral, semissintética e sintética. A primeira tem uma fabricação mais simples, visando atender as especificações necessárias para o motor com eficiência e baixo custo. As seguintes têm sua formulação mais elaborada, com um número maior de processos e ingredientes, que visam tornar o óleo mais eficaz no cumprimento de suas funções e vida útil. O manual indicará a base mínima para seu funcionamento adequado. O piloto pode escolher uma base diferente, desde que seja sempre para uma mais moderna e elaborada. Assim, se o manual indicar um óleo mineral, pode-se alterar para um semissintético ou sintético, porém nunca fazer o caminho inverso.

– Marca: desde que as especificações do óleo sejam respeitadas como indicado acima, fica a critério do piloto escolher a marca que mais lhe passe credibilidade. Por isso, busque conhecer a história da marca dentro do mercado e ter referências de profissionais antes de optar por uma. Assim como em qualquer tipo de produto, sempre existirão fabricantes mais comprometidos com a qualidade, e outros, menos. A Valvoline oferece óleos de formulação Mineral ou Semissintética, com diferentes viscosidades que atendam a diferentes motores e necessidades. Nossa história começou há mais de um século, e foi traçada sempre inovando na fabricação de óleos superiores para os diferentes tipos de motores à combustão.

– Função do óleo: Existem lubrificantes específicos para suspensão dianteira, traseira, câmbio, motor, etc. Não são intercambiáveis entre si. Atente-se à função do óleo antes de utilizá-lo em algum sistema da moto.

Existe diferença entre os óleos de motor para carros e motos?

Dúvida comum e sensata. Afinal, se tanto as motos quanto os carros usam motores a quatro tempos, qual a diferença entre os óleos direcionados para cada um deles? A resposta está na forma como os carros e motos comportam o motor, a embreagem, e a transmissão.

Nos carros, o motor, embreagem e câmbio são abrigados em blocos diferentes, e apenas encaixados um no outro. Isso permite que o motor tenha seu próprio lubrificante, a embreagem seja seca, e a transmissão tenha outro tipo de lubrificante. No caso do óleo do motor, inclui aditivos redutores de atrito, que reduzem o consumo de combustível, o calor gerado no contato das peças e a vida útil do motor.

Já nos motores de motos, com poucas exceções, os três conjuntos estão contidos no mesmo bloco, fazendo com que sejam banhados e lubrificados pelo mesmo óleo. Assim, o lubrificante estará exposto ao “pior cenário” de cada conjunto: o motor, com sua temperatura elevada, contato com o combustível, e faixas de rotação possivelmente bem maiores que as de um motor de carro; a embreagem, que mesmo sendo banhada a óleo, não pode ter perda na aderência entre seus discos; e a transmissão, cuja velocidade e força de contato/impacto na rotação das engrenagens e encaixe de seus dentes expõe o lubrificante a uma pressão elevadíssima. E o óleo deve segurar no peito todos esses fatores enquanto cumpre suas funções com excelência.

O óleo lubrificante das motos, então, não só deve suportar um ambiente mais hostil, mas também, devido à embreagem, não pode conter os mesmos aditivos redutores de atrito que os óleos de carro utilizam. Se exposta a eles, ela perde aderência e desliza (a popular “patinada”) em situações de alto torque e/ou rotação.

Por estarem expostos a diferentes situações, os óleos de motocicletas foram padronizados não só pela API (American Petroleum Institute – Instituto Americano do Petróleo, em tradução livre, que também padroniza óleos de carro), mas também pela JASO (Japanese Automotive Standards Organization – Organização Japonesa de Padrões Automotivos, em tradução livre, que padroniza apenas lubrificantes de veículos a diesel e motocicletas). Talvez você já tenha reparado que na embalagem do óleo lubrificante da sua moto está, em algum lugar, escrito “JASO MA”, “JASO MA1” ou “JASO MA2”. Pois é, essa é a certificação que garante que esse óleo de motor pode ser utilizado em motos, por suportar o maior estresse do bloco que contém os três conjuntos e por conter um pacote diferente de aditivos antidesgaste, para que o funcionamento da embreagem não seja prejudicado. Também há a classificação “JASO MB”, focada em scooters, que não possuem embreagem e podem ter um pacote de aditivos redutores de atrito.

Então, caro leitor, não se aventure ao trocar o óleo da sua moto. O óleo de motor de carro não apenas é ineficiente para a moto, como prejudica o bom funcionamento da embreagem. Os danos não necessariamente serão imediatos, mas a longo prazo vão reduzir a vida útil do motor como um todo. A possível economia momentânea te trará frustrações e prejuízos futuros.

Quando devo fazer a primeira e segunda revisões da minha moto?

Para respondermos essa pergunta, primeiramente, é importante entendermos a importância de se fazer revisão periódica, ao invés de simplesmente uma troca de óleo.

A revisão periódica é o momento em que o mecânico deve fazer o check-up completo na moto, examinando todos os sistemas e seus componentes, para que possam ser feitas as lubrificações, ajustes, limpezas e testes necessários e garantir que ela manterá seu bom funcionamento e que a vida útil dos componentes seja prolongada (regulagens incorretas e carência de lubrificação reduzem drasticamente a duração de cabos, relação, rolamentos, etc). Além disso, necessidades de reparo podem ser identificadas antes que causem um dano maior, ou que levem a moto a parar no meio do trajeto, causando mais inconveniências e gastos. Por isso é chamada de “Manutenção Preventiva”, permitindo ao piloto evitar um problema, ao invés de resolvê-lo após acontecer.

A moto zero quilômetro sai de fábrica com componentes novíssimos, que irão sofrer desgaste e deformações elevados nos seus primeiros mil quilômetros. Esse desgaste é previsto, e é conhecido como a fase de “assentamento” das peças. Depois que os componentes se ajustam um no outro, o desgaste se torna muito mais lento. Tudo isso acontece com cabos, rolamentos, relação, componentes do motor e câmbio, etc, fazendo com que nesse curto espaço de tempo, sejam necessárias novas regulagens, e que sejam geradas limalhas dentro do motor (partículas que se desprenderam das peças durante o assentamento). Por isso, a primeira revisão é tão importante: o óleo e filtro de óleo são trocados, levando consigo as limalhas, e a moto é reajustada em seus sistemas para que mantenham uma boa duração. Lembre-se, apesar de parecer pouca quilometragem (e, por isso, desnecessária), sua moto nunca terá um desgaste tão acelerado como o que ocorre nas primeiras centenas de quilômetros.

Passada a primeira revisão, a moto entrará no seu ciclo padrão de manutenções periódicas, que respeitará sempre o mesmo intervalo de quilômetros (definido pelo fabricante considerando o volume e tipo de óleo usado no motor, e seus estudos feitos sobre o tempo de desgaste e perda de regulagem de cada sistema).

Manter as revisões “em dia”, então, é manter a moto em excelentes condições de uso, reduzindo a desvalorização que vem com o tempo e a rodagem, e diminuindo a possibilidade de surpresas no trajeto, que virá sem dúvida com gastos bem maiores. A quilometragem ideal para a primeira revisão, e o padrão das seguintes, será encontrada no manual do proprietário que acompanha a moto.

Caso você não tenha o manual, pesquise na rede de concessionárias, nunca esquecendo que é o fabricante da moto que tem a resposta certa para essa questão. Vale lembrar que, devido à oxidação e deterioração que ocorrem com o tempo, não somente a distância rodada define o momento da próxima revisão, mas há um período também que deve ser respeitado. Ou seja, ainda que a quilometragem de revisão não tenha sido alcançada, se já se passou um ano desde sua última revisão, a manutenção periódica também se faz necessária, principalmente devido à oxidação dos lubrificantes. Por isso que podemos encontrar no manual do proprietário e outras fontes de informação, frases como “revisão a cada 5000km ou 1 ano”.

Preciso trocar o filtro de óleo em toda troca de óleo

Enquanto o óleo de motor tem, como uma de suas funções, a limpeza do motor, dispersando as graxas que são formadas ao longo do seu funcionamento, o filtro de óleo é usado para ajudar a reter partículas maiores, como limalhas e gomas que o óleo não conseguiu combater. O filtro comporta dentro de si, em média, 200ml de óleo. A troca do óleo lubrificante tem sempre uma quilometragem específica, que deve ser seguida à risca. Essa quilometragem é determinada pelo fabricante da moto, que analisou todo o “estresse” ao qual o óleo é submetido no funcionamento do motor e quanto tempo ele levou para começar a perder suas características e não conseguir cumprir suas funções corretamente, além de já estar contaminado pelo combustível e saturado com resíduos das borras e gomas que ele dispersou.

A troca do filtro de óleo, a princípio, deve ser feita para que o mesmo não fique saturado de material particulado, e também antes de que sua própria malha de filtragem comece a deteriorar. Ambas as situações costumam acontecer em um período maior do que o da troca de óleo, o que fez, durante bastante tempo, que a troca do filtro fosse necessária apenas a cada “troca sim, troca não” de óleo. Há um fator, no entanto, que derruba esse costume: o óleo velho que fica guardado no filtro no momento da troca. Ainda que seja escorrido o óleo de motor, o óleo que está no compartimento do filtro não sai.

Se não trocarmos o filtro, aqueles 200ml de óleo “vencido”, sujo e não mais eficiente que estão dentro dele trabalharão em turno dobrado, longe de serem capazes disso. Não só teremos rodando pelo motor um óleo que já deveria ter sido aposentado, como também haverá a contaminação do óleo novo pela sujeira que o velho carrega consigo. E nem pensar em lavar o filtro! Não só haverá danos (não necessariamente visíveis) na malha de filtragem, como também haverá a contaminação do novo óleo pelo produto que foi usado na lavagem do filtro, que inevitavelmente seguraria resíduos do mesmo.

Por isso, para o bem da sua moto a médio e longo prazo, troque sempre o filtro de óleo junto com o óleo de motor. É a melhor forma de reduzir ao máximo a presença de óleo velho no motor após a troca de óleo.

Acompanhe nossas postagens para mais esclarecimentos sobre óleos lubrificantes, suas características, funções e curiosidades.

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